terça-feira, 13 de novembro de 2007

Sancho!!!... dónde está mi armadura!!!???....




O novo edifício da CaixaForum de Madrid, proposto pela dupla de arquitectos suíços, Herzog e Meuron reporta-me ao celebre romance de Cervantes, Don Quixote de la Mancha. À mistura do imaginário utópico e emocional de D. Quixote, que é sustentada pelo carácter mais real e pragmático do seu amigo Sancho Pança, onde o conflito surge do confronto entre o passado e o presente, entre o imaginário e o real e entre o ideal e o social.

A nova proposta surge, claro está, no confronto de estes mundos. O mundo prático e real da antiga “Central Electrica del Mediodia”, e um novo mundo sensível e emocional do fórum cultural com a sua armadura em aço corten que emerge na esperança de lutar contra um mundo carente de cultura.

Uma construção que funda alicerces na história de um edifício que alimentava a cidade de energia funcional para estabelecer uma nova relação de interface cultural.

Uma tentativa desesperada de luta em defesa da arte quando a arte se afasta cada vez mais de Sancho Pança.

Como dizia Cervantes da a sua definição de “orden desorde (...) de manera que el arte, imitando à la Naturaleza, parece que allí la vence"

Como se o edifício dialoga-se com superfície natural e rugosa do Jardim Botânico e se eleva-se da rua criando uma praça coberta que funciona como uma antecâmara para o novo acesso ao centro de arte.

O programa vai se dividindo em camadas pelos 6 pisos, sendo a alimentação, a gestão e a politica no topo, logo abaixo da cultura como que uma representação hierárquica da vida mundana. O restante programa vai-se distribuindo nas seguintes camadas:
No piso -2: o aparcamento, a entrada das obras de arte, o foyer e o auditório.
No piso-1: as salas polivalentes, o atelier de conservação e o armazém.
No piso 1: o vestíbulo, a cafetaria e loja/livraria
No piso 2: a sala de exposições
No piso 3: a sala de exposições e a mediateca
No piso 4: o restaurante e os gabinetes administrativos.

Assim esta nova proposta localizada no Passeio do Prado completa a já conhecida zona cultural da cidade de Madrid, composta pelo Jardín Botánico, o Museo del Prado, o Museo Thyssen-Bornemisza e o Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía. E quem sabe?!!... Passa a completar o universo imaginário do engenhoso cavalheiro D. Quixote que luta por esse mundo emocional onde se encontra a ARTE ....

Um comentário:

Anônimo disse...

Dom Quixote e Sancho Pança, embora representem valores distintos, são (principalmente) participantes do mesmo mundo.
Herzog & De Meuron defendem assim para o presente e para o futuro a construção de uma arquitetura capaz de transformar as formas e afetar aos sentidos. :D