quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Do vandalismo à arte - Fontana de Trevi


A reviravolta na forma como está a ser encarada o acto de vandalismo que a Fonte de Trevi sofreu na passada sexta-feira leva-nos a perguntar: Afinal o que é e qual é o estado da Arte actual?
Mas, para entendermos melhor esta questão temos que nos reportar ao dia do acontecimento. Na sexta-feira da semana passada, Roma vivia um dia de normalidade recebendo o Festival de Cinema. A abertura do festival tinha decorrido dentro do esperado. Existiam filmes, artistas, criticos e tapete vermelho. Aparentemente tudo "normal". No entanto um individuo, identificado como Graziano Cecchini de 54 anos, aborrecido com o panorama da arte Italiana, nomeadamente com o cizentismo do Festival de cinema resolve despejar discretamente uma garrafa de corante na Fontana de Trevi. E assim colorir o dia dos "romanos".
O pânico instalou-se. As televisões e os jornais apareceram em força e expecularam um atentado ao patrimonio. Mais um monumento terrivelmente vandalizado com conseqüências brutais para a história de Roma e para a cultura. Um atentado terrorista digno de um louco, de um “Al Qaeda” urbano. Eram estes os pensamentos que corriam nos espectadores e nos leitores um pouco por todo o mundo. Por outro lado, o grande objectivo deste vândalo/artista tinha sido cumprido. Chamar a atenção dos media para o problema da Arte. Como seria de esperar vandalizar um monumento tão mundialmente conhecido teria que ser noticia.
Até aqui tudo bem.... ou tudo mal.... Mas o melhar esta para vir e a reviravolta dá-se quando se descobriu que afinal de contas que a tinta, não interferia com a pedra e que afinal de contas este gesto podia ser apelidado de “Arte”. A idéia saiu ainda mais reforçada quando se descobriu um panfleto onde se podia ler “Ftm Acção Futurista 2007.” Fazendo referência ao movimento artístico dos inícios do século vinte que defendia uma ruptura agressiva com o passado.
Afinal de contas o vândalo, não é vândalo, é um artista e o acto em si já não é vandalismo mas uma obra de arte urbana. Uma espécie de “Ready made” de Duchamp.
Rapidamente apareceram comentários e reflexões feitas por respeitosos artistas e críticos de arte contemporânea. Desde o fotografo Oliviero Toscani, famoso pelo seu trabalho iconoclasta para Benetton, até Roberto D´Agostino, um blogueiro italiano. “É uma ressurreição de Andy Warhol, o acto de destacar um objeto de consumo de massa”.
Pois na minha modesta opinião meus senhores, isto chama-se marketing. Uma tentativa desesperada de mediatização de um individuo desconhecido e que procura vestir a pele de D. Quixote, e que procura salvar sabe se lá de oque. Mas, a questão é mais profunda do que isso e bastante actual. É a procura da fama a qualquer preço. Por outras palavras, é o acto de não criar coisa nenhuma mas aproveitar-se da obra de arte dos outros, tirando partido da sua mediatização. Digamos que, um cucu que pôs o ovo em ninho alheio à espera que alguém o posso incubar. O que é surpreendente é que afinal de contas os media serviram de ninho e com isso apareceram logo uma série de respeitosas mamas, que quiseram rapidamente dar vida a este ovo. Aproveitando-se também elas da mediatização para gerarem o filho e a própria obra de arte.
Quanto a mim, a isto chama-se oportunismo, que passou do individual ao colectivo. Trata-s de uma desonestidade intelectual profunda e de um estado necrofalo da Arte. Primeiro porque, como se sabe, o dito movimento futurista, que é aqui defendido, era sim futurista no inicio do século XX – seria bom alguém o avisar este senhor que já estamos no século XXI - depois porque o gesto que ele preconizou caracteriza-se como revivalista. Exatamente a atitude oposta que os defensores do Movimento Futurista se opunham.
Mas, isto até podia não ser grave se fosse um lapso no tempo que este senhor teve. O que é grave, e reflecte de facto o estado actual da sociedade e da Arte, é aparecerem logo os emplastros das televisões e das revistas, os chamados críticos; aproveitarem-se logo de uma oportunidade para fazerem uma pseudo reflexão. Ou seja, marcarem uma posição, numa tentativa também eles de fazerem parte da história e consequentemente da obra de arte. Isto só reflecte o estado esquizofrênico que alguns entendem a Arte. Veja-se os comentários de Oliviero Toscani, de Roebrto D`Agostino e a Gianluca Nicoletti, um critico de arte. Que teceram logo uma profunda teoria sobre o acontecimento. Leia-se os comentários de Gianluca Nicoletti que se refere à tinta como uma “representação dramática do declínio do país” e que “foi um evento maravilhoso” que colocou Roma no centro das atenções “sem praticamente custo nenhum”. Imagino se ele tivesse colocado um corante negro.... Talvez falassem da morte, ou de racismo, ou da escuridão da Arte.
Creio que isto explica bem quais os propósitos de algum do panorama artístico e o de algum sector da sociedade actual. O importante é ser noticia e ser noticiado... Uma vez que a obra de Arte está morta, e que o artista está morto, o melhor é pinta-la de novo e assim ressuscitamos a obra, os artistas e os críticos. Melhor ainda, se todo este processo for a custo quase zero; quer intectual, quer material. O que eu pergunto é: Será isto Arte??? Somos todos artistas??? Serão os críticos que fazem a obra de Arte??? Será que a Arte está a morrer ??? Esta malta está toda a precisar de um hospício??? Já andam todos desesperados porque não sabem mais o que podem fazer para dar nas vistas??? Será??? Hum...... Ou não passará tudo isto de mais um estratégia de marketing....

imagem retirada do jornal online la Stampa

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Arquitectura em Santiago de Compostela

Nos dias 8, 9 e 10 de Novembro decorre, em Santiago de Compostela, o V Encontro Internacional de Arquitectura realizado Colégio Oficial de Arquitectos de Galicia (COAG). Este ano, contará com a participação de alguns dos mais prestigiados arquitectos mundiais; Thomas Herzog, Josep Luis Mateo, Shigeru Ban, Zaha Hadid, Lacaton & Vassal, Eduardo Arroyo, Álvaro Siza e Gigon & Guyer entre outros marcarão presença em conferências e em exposições com os seus actuais trabalhos.
Realizados desde 1999 estes encontros tem periocidade bianual. Sendo este ano o tema do encontro entitulado de “BÚSQUEDAS”. Procurando fazer uma reflexão sobre o processo e o método que cada arquitecto utiliza para pesquisar, investigar e seleccionar um conjunto de ideias que lhe permitem realizar uma obra de arquitectura com qualidade, desde a sua criação até à execução.
A par destas conferências irão ter lugar outras actividades nomeadamente uma mostra de materais de construção.
Mais informação em: http://www.encontrosdearquitectura.org/

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

O primeiro passo ...

O drama de quem começa a escrever é o da página em branco. O que se vai escrever, como se vai escrever, será de forma séria ou lúdica? Esse é também o drama deste post mas, como tudo na vida, o que é preciso é darmos o primeiro passo. Claro que com umas quedas pelo meio, afinal de contas cair faz parte de quem começa a andar. Os restantes passos surgem naturalmente. Como o melhor na vida é não ter grandes ilusões mas sim umas quantas paixões, este blog não pretende viver nem de grandes nem de pequenos ideais. Simplesmente propõe-se a estar atento ao mundo. Claro que se a maçã cair na cabeça talvez possa saltar alguma teoria luminosa. No entanto, pensamos que o mais interessante neste mundo virtual, paradoxalmente tão grande quanto pequeno, é o de conseguir juntar interesses e o de abordar temas pelos quais somos apaixonados e que serão revelados ao longo da vida do blog ..... Uma coisa é certa esmeradas donas de casa, não iremos falar de costura nem de cozinha. Ainda que possamos falar de tecidos e de malhas, muito menos procurar cozer o que quer que seja. Afinal de contas o que podemos cozinhar neste espaço são simplesmente ideias e para essas não temos receitas.
O primeiro passo está dado.... os restantes pretencem à blogoesfera.....